5a. Experiência missionária

“Eu mesmo fui alcançado por Cristo” (Fl 3, 12).

Um dos irmãos da Comunidadede Taizé de Alagoinhas participou da 5a. Experiência missionária 2011/2012. A 5ª Experiência Missionária 2011/2012 que foi realizada na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Almeirim, Pará, no período de 15 de Dezembro de 2011 a 22 de Janeiro de 2012, com a presença de seminaristas, religiosos e padres da Diocese de Santarém e de várias regiões do Brasil.
A experiência missionária fez história e teceu história junto as história de cada pessoa e lugar.
A paróquia de Almeirim tem sua história.
As comunidades do Chicaia têm sua história
A natureza tem sua história
A criança tem sua história
As diversas Igrejas têm sua história.
Os grandes projetos (Governo e particular) têm sua história.
Aqui esta um pouco desta história vivida em missão junto ao povo do Pará.

Sobre a experiência missionária destes dias o irmão partilha:

A paróquia de Almeirim (área urbana) tem sua história
A primeira etapa da missão foi na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Almeirim e a segunda etapa nas comunidades do interior.
Almeirim situa-se dentro do 4° maior Município do Pará, onde extensões de terras e águas na mão de um mesmo dono chegaram a 3 milhões de hectares.
A paróquia de Nossa Senhora da Conceição foi fundada há 250 anos pelos holandeses. Em 2011 celebrou os 150 anos do martírio do Pe. Amândio. Ainda há 50 ou 60 anos, como mostram retratos, o centro não passava de uma aldeia. Já havia o colégio das irmãs. Em 2011 o núcleo urbano conta com 14.000 habitantes, quase a metade da população do Município.
A paróquia tem sua atual matriz, construído no tempo dos missionários ofm americanos, e os 8 distritos tem o seu “barracão”.
Pela topografia, rio de um lado, Pantanal do outro, só fica livre das águas a parte mais alta; isto explica que grande parte das moradias são palafitas. No conjunto é uma população jovem; isto deve em parte à migração do interior em busca de ensino médio e trabalho.
Há pouco asfalto. Saneamento básico parece inexistente. Há uma unidade termoelétrica que fornece energia à cidade e umas indústrias. Há muito intercambio com Estado do Amapá, mais acessível do que Belém. O transito é bastante movimentado (motos, carros). Andar na rua é um tanto perigoso. O barulho sonoro é grande.

As comunidades do Chicaia têm sua história

São comunidades ribeirinhas. Até há pouco tempo o transporte se fazia a remo até ser substituído pelo motor das rabetas. Prainha se mostrava mais próximo do que Almeirim. Ser ribeirinho nesta realidade significa viver sobre ilhas com terras registradas, mas a cada ano na subida das águas, os ribeirinhos são obrigados a migrar com mala e cuia e gado para a terra firme. A erosão ribeirinha é tão violenta que parte das ilhas desapareceu com tudo que foi construído e plantado e novas ilhas surgem em outro lugar. As construções são de palafitas. A água do gasto da casa vem do rio. A energia é gerada por motor ou solar. A sobrevivência se tira do rio e do gado. Um tipo de rádio comunitária permite a comunicação entre os ribeirinhos. Nesta região, dividida por áreas, distritos e comunidades, o padre passa 2 vezes por ano. Nas comunidades ainda existentes (fraca densidade populacional) em sua grande parte foram fundadas por uma Senhora (Dona Argemira). Por se tratar de famílias grandes, o parentesco se estende a muitos ribeirinhos até hoje. A 3° geração está agora comprometida na continuidade das CEBs.
A diocese de Santarém tinha bispos de muita visão. Em 1972 houve um encontro de bispos em Santarém que despertou para as necessidades da Amazônia em torno de 2 eixos:
• O mistério da encarnação e o mistério da páscoa.
Foram traçadas diretrizes como: comunidades de base, formação de agentes e outras. A diocese dá muitos impulsos de formação através de semanas intensivas. Supre a escassez de sacerdotes. Muita responsabilidade fica nas mãos dos leigos. Muitas são mulheres.
A região está em decréscimo populacional. Segundo os mais antigos tudo se deve a formação recebida pela igreja. A Igreja é a única instituição que ajuda o pobre.
O silencio favorece o progresso no estudo escolar e religioso. As famílias se formam muito cedo são geralmente moças entre 14 e 15 anos e rapazes entre 17 e 18 anos. São poucos os casais que contrataram o matrimônio. O excesso do consumo de álcool é um perigo real.

A natureza tem sua história

Nossa experiência missionária foi no fim de um período seco (5 meses sem chuva). As águas começaram a subir na segunda metade de janeiro 2012. É o ciclo lunar mais do que a chuva. Durante o tempo seco tudo fica verde numa grande monotonia. As águas turvas devido à erosão são riqueza e pobreza. Riqueza porque há peixes e a terra fluvial traz fecundidade para o solo e pobreza quando inunda tudo. Nada resiste a erosão (árvores gigantes, construções).

A criança tem sua história

Quando a comunidade se reúne, a criançada supera o número de adultos. De um lado, os pais não têm com quem deixar e do outro lado, na área periférica-urbana, a criança está solta, quase sem estrutura familiar, e vem como penetra. Em várias celebrações a atuação das crianças foi decisiva para tomar iniciativas novas. (família volta para a igreja; uma comunidade parada retoma animo).

Os casais têm a sua história

O que foi observado na região do Chicaia tem se confirmado em Almeirim urbano. Devido ao magro ganho do marido, num casal unido, ela sabe também tocar negócios. Juntando dá para viver. Filhos de casais unidos são mais equilibrados, tranqüilos, com melhores resultados escolares.

As diversas Igrejas têm sua história

Os missionários da Assembléia de Deus chegaram a 100 anos em Belém, onde por sinal ela tem uma igreja com 22.000 lugares sentados. Em Almeirim, em certos distritos, têm 10 igrejas evangélicas tipo pentecostal. Seguem um principio missionário. Cada comunidade se encarrega de fundar uma nova comunidade. Seus membros mais antigos já foram católicos. Entre ribeirinhos, estas comunidades só existem em núcleos de maior população.

Os grandes projetos (Governo e particular) têm sua história

De um modo geral, ao escutar os mais antigos, o desmatamento desenfreado e as queimas têm empobrecido o manancial de peixes e animais silvestres. O introdução da criação do gado búfalo aumenta a erosão, sobretudo nos igarapés. Almeirim é um Município rico em riquezas naturais mas o seu povo continua na pobreza. Grandes empreendimentos (linha de transmissão de alta tensão) absorvem temporariamente todos os profissionais de certas categorias. Há um saldo masculino superior a das mulheres num centro como Almeirim. Nenhum projeto mais comunitário iniciado por estas empresas foi adiante.
A 5a experiência missionária faz história
Meio a esta realidade e estas histórias 80 missionários, em sua maioria seminaristas, provindos de todo o Brasil, hospedados em famílias, numa cidade deste porte, faz diferença. Isto se deu no período de Natal e Ano Novo.
A acolhida em famílias foi da “qualidade de quem é da família”
Os missionários se entendiam como “servidores da missão de Cristo” já atuante na paróquia.
A visita a todas as casas revelou aos evangélicos “católicos que anunciam a Palavra”. Ficaram felizes. Estes católicos vieram de fora e do próprio lugar.
A participação dos missionários da Novena de Natal, de encontros com lideranças, jovens, crianças, casais e visitas nas instituições da cidade, permitiu uma mudança de qualidade nas comunidades. O apelido “barracão” ganhou o nome “capela”.
Houve iniciativas inéditas a partir de levantamentos da realidade (filme feito e projetado em praça pública sobre o transito um tanto caótico na cidade)

Onde fui alcançado por Cristo

• A cada celebração onde abri mão dos meus planos para acolher o potencial do povo que vinha para celebrar.
• A cada vez onde o povo de Deus foi protagonista para juntos trabalharmos na realização de “sinais visíveis” (cidade de Nossa Senhora Perpétuo Socorro).
• A cada vez que toquei a ação da Graça de Deus, a partir de celebrações em comunidade (amasiados pedem o sacramento do matrimonio; encontro de casais).
• A cada vez que meditei a capacidade de desinstalação e desapego dos ribeirinhos por causa das águas.
• A cada vez que me toquei da “força mulher” na família e na comunidade (Argemira, Elisiana, Neta).
• Pelo silencio no interior, em contraste com o barulho de Almeirim.
• Pelo exemplo vivo de “serviço” do pastor da diocese.
• Pela comunhão nas equipes que permitia que o dom de cada um fosse revelado em todas as celebrações nas comunidades.
• Pelas novas perspectivas para a Igreja do Brasil: missionários -padres da terra.
• Pela comunhão na missão onde Católicos e evangélicos missionários da Palavra colaborando por um mundo onde todas tenham vida (Jo 10,10)

Alagoinhas, 23/01/12


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